Hipátia de Alexandria

Hipátia de Alexandria

Nascida em Alexandria, no Egito, Hipátia foi filha de Theon, diretor do Museu de Alexandria, e foi muito influenciada por ele, que foi um filósofo, astrônomo e matemático renomado em seu tempo. Estudou na Academia de Alexandria e em Atenas, na escola neoplatônica, e de volta a Alexandria se tornou professora de Matemática e de Filosofia, é a primeira mulher matemática que se tem registro, tendo estudado a aritmética de Diofanto de Alexandria, lançou juntamente de seu pai comentários sobre os Elementos de Euclides, que são 13 livros sobre geometria, álgebra e aritmética e desenvolveu uma análise sobre a obra de Apolônio de Tiana, As Cônicas, tornando esse documento mais acessível linguisticamente. Infelizmente, muitas obras dela foram perdidas no incêndio que ocorreu na Biblioteca de Alexandria no século 6.

Hipátia era bela e se comunicava muito bem, seguindo as linhas do neoplatonismo e neoptorismo, ela se detacou por suas habilidades como professora de Matemática, e dava aulas em sua casa por um grupo de aristocratas, assim, ela criou um círculo intelectual que tinha como fundamento o sistema de pensamento platônico, formado por pessoas da alta sociedade e no qual ela transmitia conhecimentos que chamavam de mistérios, transmitidos apenas aos seus iniciados e nunca mencionados para alguém de fora, ela era uma mestra e tinha grande impacto moral em sua sociedade, era uma mulher equilibrada, moderada e se conservou virgem por toda a vida, dizia ser "casada com a Verdade".

Além do pensamento neoplatonista, conforme mencionado anteriormente, por influência de seu pai, Hipátia tinha familiaridade com o Hermetismo, e um dos poucos conhecimentos que se sabe que era passado em seu círculo está os Oráculos Caldaicos, e, ao contrário de seu pai que era de fato um pagão, Hipátia nunca demonstrou nenhum interesse por rituais religiosos, ela era defensora do pensamento racional, mas apesar disso não tinha nenhuma briga com cristãos, que estavam em crescimento na época, inclusive era amiga próxima e conselheira do prefeito Orestes, que era cristão e era um dos que estavam disputando o poder pelo império alexandrino na época, do outro lado estava Cirilo, o patriarca, que era uma espécie de arcebispo, este era mais radical, e apesar de as três comunidades de maior destaque em Alexandria serem os pagãos (os helênicos), os judeus e os cristão, ele buscou apoio da comunidade cristã, que era a mais numerosa entre as três. Orestes por sua vez tentou se familiarizar com os três grupos, mas isso não era apenas uma luta religiosa e assim como nos dias de hoje, a religião foi usada para manipulação das classes mais baixas para realizar manobras políticas, e assim chegamos ao fim da história de Hipátia.

Foi acusada de ser pagã e inimiga dos cristãos, mas na verdade o que mais incomodou foi o fato de ser muito próxima de Orestes, e sendo a maior representante e influenciadora intelectual dos helênicos, isso a conferia algum poder político, então homens ligados à igreja a encurralaram em sua carruagem enquanto voltava pra casa, arrastaram-a até a igreja Cesarion e a esquartejaram usando cacos de cerâmica, depois levaram o seu corpo até um local chamado Cinarom e queimaram. Esse foi o triste e brutal fim da vida de Hipátia, e também o fim do período antigo da matemática grega, ocorreu no dia 8 de março de 415, citando um comentário feito no vídeo sobre ela no canal Conhecimentos da Humanidade: "não era nem a idade média ainda", isso nos prova que o problema não são os tempos sombrios e sim a ganância e a sede por poder do homem. Vou deixar aqui uma carta de um de seus

alunos cujas cartas são a maior parte do material que temos sobre a vida de Hipátia sobre o afastamento dele de sua mestra, Sinésio de Cirene:

"A Filósofa,

Eu lhe saúdo, e lhe peço que saúde seus fortunados amigos por mim, majestosa Mestra. Há tempos venho lhe reclamando por não ser digno de uma resposta, mas hoje sei que não sou vítima do seu desprezo por nenhum erro de minha parte, mas porque sou desafortunado em muitas coisas, em tantas quanto um homem pode ser.

Se apenas eu pudesse receber novamente suas cartas e saber como todos estão passando – tenho certeza que estão felizes e desfrutando de boa fortuna – eu ficaria aliviado, neste caso, da metade dos meus próprios problemas, ao me alegrar pela sua felicidade. Mas hoje o seu silêncio é mais uma adição as minhas tristezas.

Eu perdi meus filhos, meus amigos, e a boa vontade de todos. A maior de todas as perdas, no entanto, é a ausência do seu espírito divino. Eu tive esperança de que isto sempre permanecesse em mim: a capacidade de vencer tanto os caprichos da fortuna quanto as voltas sombrias do destino."

Aqui podemos ver como seus discípulos a chamavam, espírito divino, tamanha era a luz que essa grande mulher imanava, sempre em equilíbrio com ela mesma e com a sociedade, o corpo de Hipátia de Alexandria foi brutalmente assassinado, mas seu espírito divino vive, seus ensinamentos e seu modo de levar a vida, ela nos mostra que a força de uma mulher não está só na força bruta mas também pode estar na força intelectual, apresentada por um belo rosto com palavras que são capazes de calar até a mais alta autoridade. Hipátia vive em cada uma de nós, vive na matemática e na filosofia, e irá viver para sempre.

Beatriz Abreu