Marie Laveau

Marie Laveau

O ícone feminino dessa semana é Marie Laveau, A Rainha do Voodoo, foi uma importante figura que viveu em Nova Orleans, toda a história da sua vida, além de magia e mistérios, é coberta de gentileza e bons feitos para as pessoas da sua comunidade, foi uma poderosa feiticeira que deixou um grande legado que até hoje é praticado no Voodoo, com uma breve pesquisa podemos ver o quanto ela é respeitada e amada aos praticantes da religião.

Sua origem ainda é um mistério, não se sabe ao certo a data de seu nascimento mas acredita-se que foi por volta do ano de 1800 (alguns dizem 1801 e outros 1794), filha de Marguerite Darcantel, uma africana escravizada liberta, com o quinto prefeito de Nova Orleans, Charles Laveau. Era neta de uma poderosa sacerdotisa haitiana, de quem aprendeu grande parte de sua prática mágica, e quando era mais jovem, trabalhava com importação de bebidas. Em 1819, se casou com Jacques Paris, um imigrante haitiano, que um ano depois desapareceu e até hoje não se sabe o que aconteceu com ele, desse casamento ela teve uma filha e após o desaparecimento do marido começou a trabalhar como cabelereira, para que assim pudesse manter a família, e assim tendo contato com muitas pessoas da comunidade, trabalhando nas casas, passou a acessar informações sobre tudo o que acontecia na vida das pessoas mais influentes da cidade, incluindo a elite branca, algumas lendas também dizem que ela era dona de um bordel, o que a mantinha ainda mais informada sobre o que ocorria na cidade, e essas informações viraram um bem precioso para ela, já que ela poderia usá-las tanto para se proteger caso necessário, quanto para assustar as pessoas que tinham segredos a guardar. Ela casou uma segunda vez, com Cristophe Dominick de Glapion, com quem teve mais 15 filhos, mas apenas mais uma menina chegou à idade adulta.

Além de informações, seu trabalho como cabelereira a deu espaço para incluir trabalhos espirituais, fazendo consultas oraculares e feitiços de acordo com a necessidade dos clientes, ela também tinha um enorme conhecimento de ervas medicinais, atuando como curandeira, e passou a fazer rituais coletivos, os abertos ao público aconteciam aos domingos na Praça Congo, local de encontro de africanos e afrodescendentes, esses rituais tinham como principal objetivo a adoração dos Deuses africanos, eram cheios de cores e dança, e rituais de purificação espiritual para os necessitados. Uma história muito conhecida de Laveau foi quando o filho de um homem rico foi acusado de vários crimes que supostamente não cometeu, seu pai então procurou Marie para pedir ajuda, no dia do julgamento, ela colocou três pimentas na boca e foi à igreja rezar, mais tarde ela conseguiu entrar no local onde ocorreria o julgamento e colocou essas pimentas em baixo da cadeira do juiz, o menino então foi absolvido por falta de provas e o pagamento para Marie foi uma bela casa, na qual ela morou até o fim de sua vida.

Marie é descrita como uma mulher alta e bonita, sempre usando lenços coloridos na cabeça e brincos grandes e brilhantes, nunca negava ajuda a quem precisava e era amada e temida pela comunidade, ainda hoje o Voodoo é fortemente praticado em Nova Orleans e seu nome é honrado pelos praticantes, ela com certeza foi uma mulher de muito poder mágico e intelectual, sabia como lidar com as pessoas e as diferentes comunidades da cidade que na época eram ainda mais discrepantes do que são hoje, usou de uma prática que era (e ainda é) abominada pela maioria conservadora e conseguiu fazer disso o seu nome e legado, e teve uma morte pacífica, em sua casa em 1881, coisa que poucas bruxas ao longo do tempo puderam ter. Após sua morte, sua filha assumiu seu ofício e prosperou nele por décadas, e, mesmo após a morte, Marie Laveau foi vista diversas vezes andando pela cidade.

Beatriz Abreu

imagem vodoustore.com